O naturalista Edward Osborne Wilson atribuiu um nome a esta sensação ambígua e indefinida: biofilia, definindo-a como “a identificação emocional inata que os seres humanos sentem em relação a outro organismos vivos”. Wilson defendeu que a nossa relação à natureza está profundamente enraizada no nosso passado evolutivo. A ligação nem sempre é positiva, como por exemplo no caso da fobia das cobras, que reside bem fundo no nosso cérebro primitivo. Mas a teoria da biofilia também explica a razão pela qual achamos os ambientes naturais tão apaziguadores. Está nos nossos genes. É por isso que, todos os anos são mais as pessoas que visitam jardins zoológicos do que aquelas que assistem a todos os eventos desportivos juntos.
O investigador Roger S. Ulrich vai mais longe ao defender que a natureza pode ter um papel fundamental na cura de doenças. Num estudo publicado em 1984, Ulrich observou pacientes de um hospital da Pensilvânia que se encontravam a recuperar de cirurgia à vesícula biliar. Alguns dos pacientes estavam em quartos onde através da janela podiam ver as árvores do exterior, enquanto que outros pacientes ficaram em quartos cuja vista era uma parede de tijolos. Os resultados deste estudo revelam que “os pacientes cuja janela tinha vista para um ambiente natural tiveram um internamento pós-operatório mais curto, receberem menos comentários negativos por parte das enfermeiras e manifestaram uma menor tendência para pequenas complicações pós-operatórias, como cefaleias ou náuseas persistentes, que exigissem medicação. Por outro lado, os pacientes que ficaram voltados para a parede de tijolo necessitaram de mais medicação”.
As conclusões deste estudo, embora limitadas e difíceis de generalizar, ajudam a reforçar a ideia de que a natureza afecta a nossa fisiologia de forma real e mensurável. Logo, não será descabido afirmar que a proximidade da natureza nos faz felizes.
A teoria da biofilia não desperta directamente a nossa preocupação ou o nosso sentido de responsabilidade e, muito menos, uma política de defesa ambiental, mas sim uma propensão humana mais básica e vulgar: o bem estar.
Por isso, se não quer ser ambientalista, ao menos seja… mais humano.
Rua de São Miguel, nº 42, 9500-244 Ponta Delgada saomiguel@quercus.pt
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Uma questão de biofilia
Vida. Energia. Intensidade. Sensação de aventura. Bem-estar. Prazer. Êxtase. Bem-aventurança. Sensação de tranquilidade. Paz.
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1 comentário:
http://www.planterra.com/SymposiumUlrich.pdf
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