terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sigam o conselho do Sr Presidente!

O Presidente do Governo Regional salientou hoje, a propósito dos resíduos da construção e demolição, que já existem condições para a recolha e tratamento “em quase todas as ilhas. O grande desafio é fazer cumprir a obrigatoriedade da entrega dos resíduos a operadores licenciados, acabando com os depósitos vergonhosos e desnecessários nas ribeiras e nas linhas de costa”, afirmou. Carlos César falava hoje na inauguração do Centro de Valorização e Triagem de Resíduos de Construção e Demolição da Tecnovia Ambiente, LDA, na Ribeira Grande. Um investimento privado de 800 mil euros que, comparticipado pelo sistema de incentivos do Governo Regional SIDER, atingirá 1,6 milhões de euros, e que segundo o Presidente do Governo Regional significa “um passo importante na consolidação da gestão do ambiente como sector emergente na economia dos Açores”.

Primeira Reunião ERSARA - a principal preocupação centra-se na qualidade da água

O Secretário Regional do Ambiente e do Mar defendeu hoje, na Horta, a necessidade dos Açores “ultrapassarem rapidamente” as restrições que ainda têm no que respeita à qualidade e disponibilidade da água para consumo público.
Em declarações à margem da primeira reunião do Conselho de Parceiros da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos dos Açores (ERSARA), que decorreu esta tarde na ilha do Faial, Álamo Meneses adiantou que, neste momento, a principal preocupação do Governo centra-se na qualidade da água.
Antes de mais, “é preciso garantir que a água que chega a casa de todos os açorianos tenha a qualidade necessária para poder ser bebida sem qualquer restrição”, sublinhou o governante, adiantando também que, em matéria de disponibilidade, existem ainda algumas falhas nalgumas zonas do arquipélago.
Segundo Álamo Meneses, “felizmente a maioria dos concelhos já fornece água com a qualidade necessária e com a disponibilidade devida”, se bem que ainda persistam algumas restrições, que precisamos rapidamente de ultrapassar.
No âmbito da acção da ERSARA, a outra área prioritária é a da gestão dos resíduos, sobre a qual o Secretário do Ambiente diz ser necessário “haver uma grande acção no sentido de resolvermos os problemas que ainda temos, que são muitos mais do que na área da água”.
Quanto à reunião de hoje, Álamo Meneses disse ter-se tratado de uma reunião que serviu para o lançamento da ERSARA, uma pessoa colectiva de direito público, dotada de personalidade jurídica e autonomia administrativa e financeira, criada pelo Decreto Legislativo Regional n.º 8/2010/A, de 5 de Março.
Para o governante açoriano, tratou-se, por assim dizer, do “lançamento constitutivo da ERSARA, que, a partir de agora, passa a funcionar com todos os seus órgãos e na plenitude das suas funções, do ponto de vista da regulação e do acompanhamento e apoio às questões da qualidade e da disponibilidade da água e da questão dos resíduos”.
Sujeita à superintendência e tutela do membro do Governo competente em matéria de ambiente, a ERSARA tem como missão exercer as funções reguladoras e orientadoras nos sectores de abastecimento público de água, das águas residuais urbanas e dos resíduos e, complementarmente, funções de fiscalização e controlo da qualidade da água para consumo humano na Região.
O Conselho de Parceiros, que efectuou hoje na Horta a sua primeira reunião, é o órgão com competência para emitir pareceres sobre todas as matérias constantes das atribuições da ERSARA e ainda sobre outras que lhe sejam submetidas pelo Conselho de Administração, sendo obrigatoriamente ouvido sobre o plano e o relatório anuais de actividades e sobre as deliberações que visem fixar tarifas, taxas ou níveis de serviço.
Integram este órgão o Presidente do Conselho de Administração, que preside, o Inspector Regional do Ambiente e um representante de cada uma das entidades sujeitas à regulação da ERSARA e de cada uma das associações de consumidores com sede na Região Autónoma dos Açores que comprovem deter mais de 100 associados.
De acordo com a lei, este órgão poderá integrar ainda especialistas dos sectores da água de abastecimento público, das águas residuais urbanas e dos resíduos, em número não superior a três, nomeados por despacho do membro do Governo Regional competente em matéria de ambiente, ouvido o Conselho de Parceiros.
(Fonte: GaCS)

Portugueses geraram 511 Kg de resíduos e reciclaram apenas 13%

Cada português reciclou, em média, no ano passado, 67 Kg de resíduos, o que corresponde a 13% dos 511 quilos de resíduos urbanos produzidos anualmente por cada cidadão - dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Esta percentagem corresponde a apenas cerca de 57 % da média da União Europeia. Ainda assim, de acordo com os dados do INE, em Portugal, “as quantidades de resíduos recolhidas selectivamente duplicaram” entre 2004 e 2009, fixando-se no ano passado em 600 mil toneladas, ou seja, cerca de 67 Kg de resíduos urbanos recuperados por habitante. “A evolução favorável dos últimos anos tenderá a indiciar uma trajectória de convergência com a média comunitária”, salienta o instituto. Em termos relativos, a recolha selectiva e consequente reciclagem de resíduos, “não obstante ocorrerem algumas perdas até à reciclagem, constitui a operação de gestão que no período em análise mais tem crescido em termos médios”. “As quantidades de resíduos multimateriais recolhidos selectivamente evidenciaram uma taxa média de crescimento de cerca de 15% ao ano entre 2004 e 2009, claramente superior à evidenciada para o total de resíduos gerados (três por cento)”, refere o primeiro relatório do INE sobre gestão de resíduos em Portugal. De acordo com os valores divulgados, entre 2004 e 2009, Portugal gerou 172 milhões de toneladas de resíduos, dos quais 11% (19 milhões) eram resíduos perigosos. Os resíduos sectoriais eram provenientes sobretudo da Indústria Transformadora e do Comércio e Serviços. Em 2009, a produção baixou quase 1/4 face ao ano anterior, devido sobretudo “à forte desaceleração da produção do sector da construção”, fixando-se nos 24 milhões de toneladas. Ainda assim, acrescenta, assistiu-se a um aumento de resíduos gerados pelas indústrias extractivas, em resultado do aumento da actividade de pesquisa e exploração de massas minerais (pedreiras).
(Fonte: Público online)

Gases emitidos pelas principais unidades industriais dos Açores com "redução acentuada" desde 2005

Os gases emitidos pelas principais unidades industriais dos Açores sofreram uma “diminuição acentuada” nos últimos cinco anos, encontrando-se as emissões de enxofre e de partículas muito abaixo dos valores legalmente admitidos, revelou hoje o governo regional. A melhoria resulta de um esforço conjunto dos industriais e das autoridades regionais, que acompanham desde 2005 as emissões atmosféricas das 30 maiores unidades industriais dos Açores. Relativamente às emissões de partículas, o valor médio situava-se há cinco anos em 50mg/m3 acima do que era legalmente admissível, tendo baixado atualmente para metade do que a lei permite. Esta evolução positiva envolveu a adoção de medidas para reduzir as partículas emitidas, entre as quais a instalação de equipamentos de retenção, como filtros de mangas, e a aplicação das melhores tecnologias disponíveis em cada indústria. No que se refere às emissões de enxofre, apesar dos valores médios de 2005 se situarem abaixo dos limites legais, isso não significava um cumprimento total da lei, já que alguns lotes do combustível utilizado apresentavam valores de enxofre muito elevados. A adopção de medidas como a melhoria da qualidade do combustível utilizado nos Açores, aliada a um esforço dos industriais para melhorar as emissões das suas unidades, permitiram que atualmente estejam a ser emitidos, em média, 1100 mg/m3, quando o limite legal é de 2700 mg/m3. O terceiro elemento poluente das emissões atmosféricas das unidades industriais é o óxido de azoto, que nunca foi um problema nos Açores. Apesar de não se terem registado reduções desde 2005, as emissões encontram-se dentro dos valores admitidos por lei.Na sequência da divulgação destes dados, o Director Regional do Ambiente, Frederico Cardigos, considerou que os Açores se tornaram numa região “ambientalmente muito interessante sob o ponto de vista industrial”.
(Fonte: Lusa)

Projecto "Censo da Vida Marinha"

O relatório preliminar do Censo da Vida Marinha, publicado no início do mês de Agosto, mostra que a bacia mediterrânica sofre as maiores pressões na pesca, poluição e ocupação humana. Os crustáceos e moluscos são as espécies que dominam os oceanos; a Austrália e o Japão têm as águas mais ricas do mundo em biodiversidade, e o Mediterrâneo, aqui à porta, também é dos que têm maior abundância de espécies, mas detém ainda mais dois recordes. Berço da civilização ocidental, é o mar mais estudado de sempre, mas é também o mais ameaçado.Estas são algumas das tendências observadas pelos cientistas que nos últimos dez anos se envolveram no projecto Censo da Vida Marinha. O relatório preliminar foi publicado na revista Plos One. O relatório final Censo da Vida Marinha, que desde há uma década mobiliza 360 investigadores em todo o mundo, será publicado em Outubro do próximo ano, inventariando pelo menos 230 mil espécies. Os cientistas sabem, no entanto, que esse valor estará aquém do verdadeiro número das espécies nos oceanos. Pelas contas já feitas, por cada espécie que se descobre no mar, há quatro que ficam por descobrir. Este esforço de recenseamento - comparável "ao dos enciclopedistas", como o exprimiu Jesse Ausubel, co-fundador do projecto - permitiu já à equipa descobrir algumas novidades. Uma delas tem que ver justamente com o Mediterrâneo, receptáculo por excelência de espécies migrantes. Com a aceleração do tráfego marítimo no século XIX, e com a abertura do canal de Suez, o Mediterrâneo acabou por se tornar num ponto de cruzamento de muitas espécies "estrangeiras" (600) oriundas do mar Vermelho. Apesar da sua riqueza própria, e da chegada das novas espécies, o Mediterrâneo não está de boa saúde. A degradação dos habitats, a pesca excessiva e o aumento de espécies exóticas invasoras, favorecido pelas alterações climáticas, não anunciam nada de bom, sublinham os cientistas. Recenseamentos anteriores davam conta de oito mil a 12 mil espécies neste mar, mas o Censo da Vida Marinha já conseguiu elevar esse número para 17 mil, o que revela riqueza. Mas as ameaças também são grandes, e são mesmo mais fortes ali do que em qualquer outro oceano do mundo, segundo as conclusões preliminares do projecto." Os impactos das actividades humanas são proporcionalmente mais importantes no Mediterrâneo do que nos outros mares do planeta", lê-se no relatório. A explicação está na história, já que aquela é uma região habitada há muitos milénios, mas também na geografia: o Mediterrâneo é uma bacia quase fechada. Animais de forte carga simbólica, como cachalotes e focas-monge, praticamente desapareceram, os golfinhos são frequentemente vítimas de redes de pesca. A degradação e perda de habitats, a ocupação humana costeira e a poluição fazem estragos. As espécies invasoras, que proliferam em detrimento das endémicas, são outro problema em expansão. A medusa americana ou a amêijoa asiática estão entre essas invasoras que causam preocupação. Com estas alterações, o perfil da biodiversidade do Mediterrâneo será diferente. Resta saber se o seu carácter pode ser preservado. Os cientistas recomendam "uma vasta análise das iniciativas que será necessário tomar para a conservação, de forma a manter mediterrânico" o Mediterrâneo.
(Fonte: DN online)

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Online e gratuito o E-Book: "Geographic Technologies applied to Marine Spatial Planning and Integrated Coastal Zone Management"

O E-Book "Geographic Technologies applied to Marine Spatial Planning and Integrated Coastal Zone Management" (ISBN: 978-972-8612-64-1) encontra-se disponível online no através do Portal Pluridoc, no SCRIBD.
Esta publicação é da autoria de Helena Calado (Professora Auxiliar do Departamento de Biologia da Universidade dos Açores, Coordenadora do CIGPT - Centro de Informação Geográfica e Planeamento Territorial; Investigadora em Gestão Integrada de Zonas Costeiras, Planeamento Ambiental, Ordenamento do Território e do Espaço Marítimo do CIBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (Pólo da U. Açores) e de Artur Gil (Eng. Biofísico, Investigador em Ciências e Tecnologias de Informação Geográfica do CIBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (Pólo da U. Açores).
Resumo: As Geotecnologias estão a revolucionar a gestão dos recursos marinhos. O que anteriormente estava inacessível para os métodos tradicionais é agora disponibilizado através de tecnologias de monitorização, controlo remoto e sistemas de posicionamento global. Estas tecnologias permitem o mapear e documentar as características do ecossistema de cada local, como os habitats marinhos, os tipos de espécies, os recursos vivos e minerais, a morfologia de fundo do mar e as condições ambientais. A capacidade de sobrepor e analisar estes novos dados para cada local e entre locais diferentes permite acompanhar a abordagem baseada nos ecossistemas, princípio defendido pela Comissão Europeia.

Câmara da Ribeira Grande iniciou recolha de óleos usados domésticos

A Câmara da Ribeira Grande iniciou no passado dia 20 de Agosto a distribuição dos primeiros 14 oleões para recolha de óleos usados domésticos em todas as freguesias do concelho. Os oleões, com capacidade para 360 litros, estão a ser colocados junto aos ecopontos existentes nas várias freguesias do concelho.
Assim pede-se á população que colabore nesta importante medida e que coloquem os óleos alimentares usados dentro de garrafas de plástico devidamente fechadas e em seguida que as depositem dentro do oleão.

Este processo de recolha tem um impacto significativo ao nível da preservação do ambiente, já que os óleos alimentares usados são habitualmente lançados nos sistemas de drenagem de águas residuais ou colocados no lixo comum, contaminando a água e os solos. Os óleos recolhidos nos oleões serão postriormente transformados em Biodiesel, sendo parte deste combustível posteriormente utilizada nas viaturas da autarquia. A Câmara da Ribeira Grande pretende, num futuro próximo, reforçar o número de oleões existente no concelho, especialmente nas freguesias com maior densidade populacional.
A autarquia tem vindo a apostar na triagem e recolha selectiva de resíduos, dispondo o concelho de 98 ‘ecopontos’, bem como na recolha selectiva de resíduos junto de hotéis, restaurantes e cafés.
A Quercus felicita os Municípios da Ribeira Grande e de Ponta Delgada por esta importante medida de preservação ambiental.

Colabore!

Fundação está a construir submarino para procurar grandes lulas que alimentam baleias

A Fundação Rebikoff-Niggeler, instituição sediada no Faial, Açores, que se dedica à investigação subaquática, está a construir um submarino tripulado capaz de descer até mil metros de profundidade, onde espera encontrar as grandes lulas que alimentam as baleias.
O “Lula 1000”, com 7,5 metros de comprimento e 2,65 metros de altura, deve estar pronto em 2011 e os primeiros testes de mar poderão ocorrer durante a Primavera. Joachim Jakobsen, responsável pela Fundação, revelou que o novo submarino, com capacidade para três tripulantes e equipado com tecnologia de ponta, vai abrir novas perspectivas de investigação sobre o fundo do mar. “Vai ter equipamento novo, tecnologia de alta qualidade, o que permitirá trabalhos científicos mais elaborados”, afirmou o investigador. “Vamos ver que descobertas podemos fazer abaixo dos 500 metros de profundidade”. Os trabalhos de investigação subaquática aumentaram substancialmente há cerca de uma década, depois de a fundação ter construído o submarino “Lula 500”, que permitiu, entre outras, a descoberta de ostras com mais de 500 anos no mar dos Açores. Agora, a instituição quer ir mais longe, uma vez que este primeiro submarino só pode operar até aos 500 metros de profundidade. Os investigadores esperam realizar o sonho antigo de documentar a existência de lulas grandes de profundidade no mar dos Açores. Segundo Joachim Jakobsen, se existem no arquipélago muitos cetáceos, é porque também deve existir grandes lulas de que se alimentam. “Vamos mergulhar mais para sul do Faial e do Pico para tentar encontrar as lulas grandes. Já vimos e filmámos muitas vezes lulas de profundidade comuns daqui, com tamanho até cerca de um metro, mas, entre os 500 e os mil metros de profundidade, vivem lulas de tamanho maior, das quais os cachalotes se alimentam”, afirmou. A Fundação Rebikoff-Niggeler, criada em 1994, é uma instituição de utilidade pública dedicada à pesquisa e documentação do oceano, baseada na vida e obra de Ada e Dimitri Rebikoff, considerados pioneiros no desenvolvimento de tecnologia subaquática a nível mundial. Dimitri Rebikoff desenvolveu, entre outros, o primeiro flash electrónico portátil e a primeira scooter submarina, considerada a primogénita dos actuais ROV (Remotely Operated Vehicle).

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Depósito de bidões junto a linha de água

Estes bidões estão depositados num local junto ao leito da Ribeira da Cruz (Ilha das Flores) num local que é utilizado pela empresa Tecnovia. Os bidões que estão em pé encontram-se cheios de cola asfáltica. Alguns destes já caíram e entre eles observa-se uma espécie de "lama" constituída por resíduos de pedra, que parece ser filler. Alguns destes bidões já atingiram mesmo a linha de água e com a aproximação da época de maior pluviosidade adivinha-se que outros possam ir ribeira abaixo.
Quer estes bidões estejam ali depositados a título provisório ou definitivo, parece-nos que a localização revela uma grande despreocupação ambiental por parte da empresa Tecnovia. Como tal encaminhamos as fotos para a Inspecção do Ambiente e para a Direcção Regional do Ordenamento do Território e dos Recursos Hídricos a denunciar a situação.



Greenwash - O capitalismo lava mais verde, por Ricardo Coelho

O mito da responsabilidade ambiental das empresas atinge hoje proporções alarmantes, com as empresas a gastar mais dinheiro em práticas de "esverdeamento" da imagem que em medidas de combate à poluição.Nas últimas décadas, as campanhas de educação ambiental tiveram como resultado um aumento da procura por produtos ecológicos. Naturalmente, a maioria das empresas reagiu a esta evolução da procura investindo não na limpeza dos seus métodos produtivos mas antes em propaganda de limpeza de imagem. A prática tornou-se de tal forma generalizada que foi cunhado o termo "greenwash"(1) para a designar.
No conceito de "greenwash" cabem todas as práticas pelas quais uma empresa transmite a ideia de que está preocupada com o bem-estar do planeta quando na realidade nada faz para reduzir o seu impacto na natureza. A forma mais óbvia de "greenwash" é o investimento em propaganda enganosa, incluindo a falsa rotulagem de produtos como "amigos do ambiente". Exemplos correntes incluem uma empresa apresentar-se como consciente ambientalmente por tomar medidas que reduzem a sua pegada ecológica, quando essas medidas foram tomadas por imposição legal ou para reduzir custos ou por criar um produto "verde"sem mudar nada no processo de fabrico dos outros produtos. Mas também se pode incluir neste conceito a elaboração de relatórios ambientais, o patrocínio de eventos ou de associações ambientalistas, a distribuição de materiais de educação ambiental ou até a criação de fundações e associações supostamente ecologistas.
O mito da responsabilidade ambiental das empresas atinge hoje proporções alarmantes, com as empresas a gastar mais dinheiro em práticas de "esverdeamento" da imagem que em medidas de combate à poluição. Todos querem ocupar o pódio da empresa mais "verde" mas poucos se esforçam para o merecer.
Talvez o exemplo mais gritante a nível internacional seja o da BP. A petrolífera operou uma ambiciosa mudança de imagem em 2000, apresentando-se como "Beyond Petroleum"(2) e adoptando um logótipo verde. A campanha de 200 milhões de dólares acabou por dar alguns frutos, à medida que algumas associações ambientalistas mais corporativas passaram a encarar a BP como uma aliada na transição para um mundo sem petróleo. Há três anos atrás, por exemplo, a Quercu sorganizava um encontro sobre mobilidade sustentável patrocinado pela BP(3). À parte da propaganda, contudo, as práticas desta empresa em nada mudaram, tendo mantido o seu posto como um dos maiores inimigos do ambiente do mundo (4). O desastre no Golfo do México serviu para, deforma trágica, enfatizar uma evidência: a extracção de petróleo é um negócio sujo, muito sujo.
Outros exemplos indignantes de "greenwash" podem-se encontrar entre os fabricantes de automóveis. Quase todos os anúncios de automóveis hoje incluem a palavra "verde" ou uma imagem do automóvel no meio da natureza, como se o transporte privado pudesse alguma vez ser ecológico. Vendo estes anúncios, seríamos levados a crer que o consumo de combustível e as emissões de CO2 estão a descer consideravelmente, particularmente nas marcas que mais investem em carros"ecológicos"(5), como a Toyota, a Lexus ou a Ford. Nada poderia estar mais longe da realidade, contudo. O facto de estas empresas continuarem a gastar milhões em "lobbying" para tentar impedir as (fracas) regulações sobre consumo de combustível ou emissões de CO2 nos EUA e na UE mostra como o compromisso com o ambiente vale tanto como as promessas de Sócrates em época eleitoral.
Toda a empresa se pode tornar "verde", com o apoio de agências de publicidade e relações públicas e de ONGs que cumprem o mesmo papel destas agências, mesmo que o seu negócio central seja, pela su anatureza, anti-ecológico. Um exemplo português que se destaca é o da Sonae, uma empresa que se afirma como líder ambiental ao mesmo tempo que destrói a península de Tróia com um complexo turístico e preenche o território com centros comerciais e outros templos de consumismo. A Sonae Sierra, a empresa do grupo que opera os centros comerciais, aparece mesmo no segundo lugar de um ranking de responsabilidade ambiental elaborado pela Euronatura, uma ONG ambientalista com fortes ligações ao meio empresarial(6). Através de uma política depublicidade agressiva e de apoio a algumas ONGs ambientalistas, a Sonae consegue assim transmitir a ideia de que a exploração de centros comerciais pode ser um negócio ecológico, mesmo que estes espaços sejam monstros devoradores de energia e que a destruição do comércio de proximidade leve a um aumento das distâncias percorridas com automóvel particular.
Cúmplices desta propaganda enganosa são também frequentemente os governos. A iniciativa "Business and Biodiversity", lançada pela UE e abraçada pelo ICNB, é um bom exemplo de como agências governamentais podem usar recursos públicos para limpar a imagem dos grandes poluidores. Do que se trata é de promover acordos voluntários com as empresas que impliquem um ganho para a biodiversidade, sem prejudicar os lucros das empresas. Ou seja, a preservação da biodiversidade depende da boa vontade das empresas que lucraram com a sua destruição. Parece ridículo - e é - mas o presidente do ICNB, Tito Rosa, consegue apresentar esta medida como uma receita mágica sem se rir.
Estes são apenas alguns exemplos possíveis de práticas de"greenwashing", uma estratégia de propaganda corrupta. Ao abrigo de uma responsabilidade ambiental que não é mais que uma miragem, as grandes empresas usam todos os meios ao seu dispor para tornar a sua imagem mais verde. Verde como a Natureza, mas também como o dinheiro, a única coisa a que dão realmente valor.
Notas:
1 - O termo foi formado a partir da palavra "whitewashing"(branqueamento), a qual define uma forma de censura e limpeza deimagem. Não existindo uma tradução para português, pode-se usar talvezcomo sinónimo o termo coloquial "esverdeamento".
2 - "Além do Petróleo", um nome que remete para uma total mudança naárea de negócio da empresa.
4 - Ver o dossier do Esquerda.net sobre a BP.
5 - Refiro-me aos híbridos. As aspas estão lá porque não vejo como um carro com dois motores, uma enorme bateria e um computador de bordo, com todo o uso de recursos que isso implica, possa ser ecológico.
6-http://www.responsabilidadeclimatica.net/index.php?opcao=1215&ling=1. No site da campanha pode-se ver também que a Sonae Sierra é um dos seus patrocinadores. A expressão "conflito de interesses" não tem qualquer significado no mundo neo-liberal.
Ricardo Coelho, economista, especializado em Ambiente e Recursos Naturais.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Recolha de óleos domésticos usados nas 24 freguesias de Ponta Delgada

A Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada entregou esta quinta-feira, na Relva, o primeiro dos 26 óleões que serão colocados nas 24 freguesias do concelho.
Já partir desta sexta-feira, 13 dos 26 Óleões Gota, vão estar instalados em várias freguesias de Ponta Delgada, sendo que os restantes 13 serão disponibilizados, a partir de finais de Setembro.
Os novos oleões, que vão servir as freguesias, integram já a fase final da instalação da rede de recolha de óleos alimentares usados (OAU) no concelho de Ponta Delgada, um projecto que pretende dar cumprimento a uma obrigação legal dos municípios – o de assegurarem a recolha e a valorização dos OAU.
Desde Março de 2009 que, através do Canal HORECA (Hoteis Rrstauração e Cafés), a Câmara Municipal de Ponta Delgada promove a recolha de óleos alimentares usados nos restaurantes e snack-bares do centro. Entretanto, em Junho deste ano, disponibilizou óleões às escolas do Ensino Básico de Ponta Delgada.
A partir de agora, a rede de OAU passa a estar em todas as freguesias do concelho, para utilização dos munícipes em geral.
A recolha nas localidades far-se-á através dos pontos de recolha ou óleões, ou porta-a-porta (neste caso para a restauração da zona urbana de Ponta Delgada e em todas as escolas do concelho), uma vez por semana. No total, a rede contará com 313 pontos de recolha.
Ao longo do ano têm vindo a ser realizadas sessões públicas de esclarecimento com as Juntas de Freguesia sobre o projecto e realizadas acções de sensibilização, em todas as escolas básicas, sobre a importância da valorização dos OAU. Contudo, para melhor sensibilização e esclarecimento à população, serão enviados, por correio, panfletos informativos sobre o procedimento para a separação e entrega dos OAU, a todos os domicílios do concelho, no espaço de duas semanas.
Os ólões Gota têm identificados dois orifícios para depósito de óleo usado em garrafas e bidões de plástico para serem depositadas por adultos, crianças e pessoas em cadeira de rodas. As identificações também estão escritas em braile.
Em conjunto com as Juntas de Freguesia, e após a instalação de todos os oleões de grande porte, a Câmara Municipal de Ponta Delgada fará uma campanha de troca de OAU por óleo alimentar novo, em que, por cada 5 litros de OAU entregue na Junta de Freguesia, será cedido gratuitamente 1 litro de óleo novo. A campanha durará até se acabar o stock de óleo novo comprado pela Câmara Municipal de Ponta Delgada.
Os óleões Gota, que estarão visíveis já no final desta semana, têm uma capacidade de armazenamento de 440 litros, enquanto que os óleões, que já foram distribuídos em Junho nas escolas, têm uma capacidade de 240 litros.
Os óleos recolhidos dos óleões são reciclados por uma empresa privada que faz produção de biocombustível. A produção de biodiesel começará a ser parcialmente utilizada na frota automóvel da Câmara Municipal de Ponta Delgada a partir de Novembro.
A instalação de óleões no concelho faz parte do processo de desenvolvimento sustentado da Câmara Municipal preconizado para Ponta Delgada.
Por ocasião da instalação do óleão da freguesia da Relva, Berta Cabral sublinhou que a aposta do município num futuro e qualidade de vida melhores passa por um forte investimento local nas redes de recolha de resíduos e na reciclagem. Pois, a disponibilização deste tipo de equipamentos é fundamental para uma sensibilização efectiva de todas as pessoas para a protecção ambiental. (Radioatlantida online)