A água é sem dúvida um bem essencial à vida que desempenha um papel crucial no desenvolvimento sócio-económico da nossa região com incidências no ambiente .
O consumo diário de água nas ilhas dos Açores ascende a cerca de 40 milhões de litros, estimativa que exclui, por impossibilidade de cálculo, a água consumida na limpeza das explorações agrícolas, que é elevada, pois as explorações necessitam de muita água para manter uma higiene adequada que garanta a produção de leite de qualidade.
A maioria dos municípios dos Açores oferece água de qualidade aos consumidores, mas alguns apresentam resultados negativos nas análises efectuadas à água de abastecimento público.
Uma das causas é a contaminação das nascentes devido á proximidade dos terrenos de pastagem.
Os principais contaminantes da água são coliformes, estreptococos, nitratos, fosfatos, matéria orgânica, pesticidas, elementos metálicos e óleos minerais. Por este motivo a água antes de correr nas torneiras, é captada em zonas específicas e depois tratada. A par deste tratamento, que deve ser rigoroso, é necessário haver um controlo de qualidade, feito através de análises periódicas.
Outro dos factores responsáveis pela degradação da água, relacionado com as fontes de poluição, é o enriquecimento em nutrientes: resulta da utilização de fertilizantes na agricultura, das descargas de esgotos urbanos e da rejeição de efluentes de agro-industrias e outros sectores com efeitos nefastos sobre o equilíbrio dos ecossistemas. Este fenómeno, designado por eutrofização (infelizmente bem presente em algumas lagoas dos Açores), diminui os níveis de oxigénio dissolvido e o ph das águas. Em situações extremas leva à perda da fauna e flora e consequente empobrecimento da qualidade da água.
A Directiva Quadro da Água, em vigor desde Dezembro de 2000, nos vários estados membros, visa proteger rios, lagos, águas costeiras e águas subterrâneas e obriga a alcançar o "bom estado" de todas as águas da União Europeia até 2015. Reduzir e controlar a poluição proveniente, por exemplo, da agricultura, da actividade industrial e das áreas urbanas, é um dos objectivos prioritários desta Directiva.
Quanto maior a degradação das origens da água, mais eficiente e mais caro terá de ser o tratamento, daí a importância de proteger os recursos hídricos, sobretudo os destinados à produção de água para consumo humano.
Esta preocupação com a qualidade da água reflecte-se cada mais junto dos consumidores, pois muitas vezes os municípios não admitem que a qualidade da água não é boa (é certo que fazem as análises, mas haverá sempre muitos parâmetros por analisar e o número de possíveis contaminantes é enorme, por isso o controlo não é assim tão rigoroso como nos querem fazer crer). Estas entidades gestoras da água tentam sempre desvalorizar as as preocupações em relaçao a essa qualidade, preocupações estas que são legítimas, pois o que está em causa é a saúde pública.
Neste contexto, muitos cidadãos têm vindo a adquirir aparelhos de osmose inversa e filtros purificadores, numa tentativa de assegurar a qualidade ideal da água. Acontece que no passado mês de Janeiro a Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas (APDA), em resposta a diversos pedidos de esclarecimento sobre a utilização de filtros nas torneiras domésticas, considerou conveniente emitir um parecer sobre este assunto. Este parecer elaborado pela Comissão Especializada da Qualidade da Água da APDA conclui que "tendo em conta os fundamentos técnicos e a relevância desta matéria no âmbito da saúde pública, é fundamental esclarecer os consumidores que a água resultante da passagem por estes aparelhos é uma água com carência em sais minerais dissolvidos e não aconselhável ao consumo humano". Para ler o parecer na íntegra, clique aqui.
Só um esclarecimento: os sais retirados pela osmose inversa dependem do seu nível na água a tratar, pelo que se se tratar de uma água com uma condutividade (é comumente usada para medir a quantidade de sal na água - um importante indicador da qualidade) muito elevada, após passar pelo filtro, resultará numa água com um valor de condutividade aceitável que até pode estar próximo do valor máximo admissível, mas se se tratar de uma água de baixa condutividade, à saída do sistema, obteremos praticamente água destilada e isso não será de facto muito bom.
Por exemplo, no caso das análises acusaram coliformes fecais uma solução poderá ser ferver a água ou tratá-la com com hipoclirito de sódio (vulgo lexívia), mas se o problema for nitratos acima dos valores admissíveis, ou outro tipo de contaminantes químicos, como pesticidas, ou a presença de calcário, só poderá ser tratada com filtragem e não pode ser uma filtragem qualquer.
Mais uma vez cabe aos cidadãos estarem informados sobre os resultados das análises feitas à qualidade da água na sua zona de residência.
Recentemente foi criada a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos dos Açores (ERSARA), uma pessoa colectiva de direito público, dotada de personalidade jurídica e autonomia administrativa e financeira. Sujeita à superintendência e tutela do Secretário do Ambiente, a ERSARA tem como missão exercer as funções reguladoras e orientadoras nos sectores de abastecimento público de água, das águas residuais urbanas e dos resíduos e, complementarmente, funções de fiscalização e controlo da qualidade da água para consumo humano na Região.
Nos termos deste diploma, ficam sujeitas à regulação da ERSARA as entidades que operem no âmbito dos serviços da água para consumo humano, recolha e tratamento de águas residuais e as entidades gestoras, operadoras de gestão e as entidades gestoras de fluxos específicos de resíduos.
Nos termos deste diploma, ficam sujeitas à regulação da ERSARA as entidades que operem no âmbito dos serviços da água para consumo humano, recolha e tratamento de águas residuais e as entidades gestoras, operadoras de gestão e as entidades gestoras de fluxos específicos de resíduos.
Também foi lançado, em Março deste ano, o SRIA - uma plataforma tecnológica que disponibiliza a todas as entidades e cidadãos informação de referência sobre os recursos hídricos dos Açores, incluindo dados de base, redes de monitorização da quantidade e qualidade da água, títulos de utilização, zonas balneares, projectos e empreitadas, entre outra. Adicionalmente, inclui informação de carácter municipal sobre os sistemas de abastecimento de água e os sistemas de drenagem e tratamento de águas residuais. Curiosamente este site ainda só disponibiliza informações relativas ao grupo oriental.
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