A proliferação de espécies vegetais invasoras, mais do que a utilização dos solos, é “a maior ameaça actual à biodiversidade nos Açores”, disse no passado sábado, no Porto Martins, ilha Terceira, o Secretário Regional do Ambiente e do Mar, que colaborou numa acção de sensibilização para a erradicação do chorão na zona costeira daquela freguesia, integrada no Plano Regional de Erradicação e Controlo de Espécies da Flora Invasoras em Áreas Sensíveis (PRECEFIAS) promovido pelo Governo dos Açores. O governante, que em conjunto com as autoridades locais e voluntários – entre eles muitas crianças –, colaborou no arranque de chorões, numa considerável área, disse também que “essa é a grande luta que tem que ser travada, no sentido de manter espaço para que as endémicas possam continuar a existir”. Sobre o trabalho que estava a ser feito naquele local, no Dia Mundial do Ambiente, Álamo Meneses referiu tratar-se de “uma acção sobre um dos habitats mais ameaçados no arquipélago” fortemente invadido por espécies trazidas “de outras zonas do planeta”. A orla costeira do Porto Martins é um dos principais habitats da vidália (Azorina Vidalii), que é “o único género que é endémico dos Açores”, sublinhou o governante, acrescentando que, por isso, é um dos principais “símbolos da biodiversidade” no arquipélago " (Fonte: GaCS/FA).
A Quercus elogia todos os esforços que estão a ser feitos no sentido de irradicar as espécies invasoras, mas alertamos para o mau planeamento da orla costeira, que resulta numa construção e ocupação que muitas vezes não têm em conta a conservação dos habitats das espécies.
Em relação ao Porto Martins, uma das causas que contribuiram para a redução da população de Azorinas foi a construção do calçadão. Esta afirmação é do Professor Eduardo Dias, Director do GEVA - Gabinete de Ecologia Vegetal Aplicada do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores), que há muito vem alertando para esta questão. Na última década, as populações de Azorina vidallii existentes na freguesia do Porto Martins ficaram reduzidas a metade, afirma o investigador, isto porque a construção do parque de estacionamento nas imediações da zona balnear da freguesia e do passeio pedestre entre o mesmo local e o porto de São Fernando aconteceu no local onde existiam as maiores populações desta espécie endémica rara naquela freguesia. Além disso, segundo Eduardo Dias, também foi construída uma zona de campismo (situada no Pocinho, na saída da freguesia pelo Cabo da Praia) num local onde existem Azorinas. O que é certo é que as obras seguiram e "as colónias que ali existiam acabaram reduzidas".
A Azorina vidallii é considerada por Eduardo Dias como a "mais endémica" das plantas encontradas nos Açores e defende que a mesma deveria ser o símbolo da Região.
Por outro lado, um estudo publicado pela Universidade dos Açores comprova que a intervenção humana constitui uma grande ameaça às populações desta espécie. Pela observação dos resultados verifica-se que as principais ameaças são antrópicas, das quais se realça a passagem de pessoas (33%), o depósito de lixos (30%), o avanço de exóticas naturalizadas (21%) e as limpezas camarárias (12%).
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segunda-feira, 7 de junho de 2010
Ameaças à Azorina vidalii não se limitam às invasoras
Outras agressões - fogo, erosão genética, recolha selvagem de espécimes, evolução do habitat, isolamento biológico, pisoteio directo, alteração hidrológica e plantação de exóticas.
Perante todos estes dados alertamos para a sensibilização das populações locais, bem como os trabalhadores das Câmaras Municipais e das Obras Públicas que executam obras junto de habitats desta espécie para que adoptem comportamentos que permitam a conservação da Azorina vidalii. Chamamos também a atenção para o facto do embelezamento de muitas obras públicas (como rotundas, floreiras e canteiros) ser feito recorrendo à plantação de espécies exóticas, quando em muitos casos se poderia optar por endémicas.
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