domingo, 4 de julho de 2010

Inovações como o iPad podem ajudar a aumentar o efeito de estufa


Afinal, novas tecnologias podem não ser tão amigas do ambiente como anunciavam os fabricantes.  A associação ambientalista Greenpeace diz que o efeito de "computação em nuvem" aumenta a produção de gases prejudiciais para o meio ambiente e que contribuem para o aquecimento global.
Poderão afinal os novos aparelhos tecnológicos ajudar aumentar a emissão dos gases com efeito de estufa? Segundo a Greenpeace, podem, embora não directamente. Novos produtos como o iPad, da Apple, são aparentemente mais amigos do ambiente mas, indirectamente, estão contribuir para o consumo de energia e para o aumento da emissão de gases prejudiciais para a atmosfera.

Na origem do problema está o contributo destas inovações para as emissões produzidas pelo fenómeno cloud computing (computação em nuvem), ou seja, armazenamento de dados na Web (ver definição em baixo). Segundo um estudo da Greenpeace divulgado em Março passado, que parte do lançamento do iPad, o crescimento de fenómenos de computação em nuvem, que recorre a grandes aparelhos de armazenamento, irá contribuir nos próximos anos para um forte aumento da emissão de gases com efeito de estufa.
Sendo o iPad um importante utilizador da tecnologia de computação em nuvem - já que o seu principal objectivo é fazer o download de vídeos, música e livros para o dispositivo -, a Greenpeace crê que esta inovação é um "prenúncio daquilo que está para vir".

O relatório (Make IT Green - Cloud Computing and its contribution to climate change ) baseia--se em pesquisas anteriores para o sector das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e explica que, face às actuais taxas de crescimento dos centros de dados e redes de telecomunicações, em 2020 o sector consumirá cerca de 1,963 mil milhões de quilowatts de electricidade por hora. E produzirá aproximadamente 1034 megatoneladas de CO2 equivalente.

Segundo a organização mundial, este consumo horário de electricidade implicará mais do triplo do consumo actual das tecnologias de informação. E será maior do que o actual consumo de electricidade feito por países como França, Alemanha, Canadá e Brasil todos juntos.

No documento, outra das preocupações avançadas pela Greenpeace é o aumento da pegada de carbono. Citando estudos produzidos pelo Grupo Climático, a organização recorda que as estimativas apontam para uma emissão de carbono, do sector das TIC em 2020, na ordem das 1430 megatoneladas de CO2 equivalente.

Destas, cerca de 815 megatoneladas serão produzidas pelos computadores e respectivos periféricos. Em 2007, ano de comparação usado pelo Grupo Climático no estudo SMART 2020, as emissões eram de 830 megatoneladas de CO2 equivalente.

Segundo este estudo, entre 2007 e 2020 o número de proprietários de computadores no mundo irá quadruplicar, passando para quatro mil milhões de aparelhos, enquanto as emissões vão aumentar para o dobro. Já o número de utilizadores de telemóveis irá subir para os cinco mil milhões em 2020, quase o dobro dos existentes em 2007.

Mas o relatório SMART 2020 mostra também como as empresas do sector das tecnologias de informação podem contribuir para reduzir as emissões dos gases com efeito de estufa.
E garante que este sector poderá contribuir, em 2020, com uma redução na ordem dos 15%, ou seja, uma poupança de 7,8 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente.
O que, frisa a Greenpeace, permitiria que o aumento da temperatura no início da próxima década ficasse abaixo dos dois graus.

Segundo as contas do relatório, as poupanças podem ser de 1,68 gigatoneladas ao nível das apostas em edifícios mais inteligentes ou de 1,52 gigatoneladas com a optimização da logística.
Mas há outras medidas que, parecendo insignificantes, representam ganhos a nível económico. Mais em concreto a poupança de 0,14 gigatoneladas de CO2 equivalente com o recurso a videoconferências, 0,60 gigatoneladas com a optimização dos transportes e 0,22 com o teletrabalho.

A Greenpeace conclui que, embora sejam as empresas como a Microsoft, a Apple, Yahoo ou Google aquelas - no sector das tecnologias - que mais contribuem para o aumento das emissões que provocam o efeito de estufa, também são as principais responsáveis pela diminuição da pegada ecológica.
"Tendo em conta a actual expansão do fenómeno de cloud computing, a indústria TIC tem igualmente de controlar a sua pegada de carbono", salienta a associação ambientalista.

DN

Sem comentários: