sexta-feira, 9 de julho de 2010

Festivais de Verão: mais musica e menos ambiente.






A Quercus São Miguel andou pelos festivais no Verão passado e constatou que a moda pela defesa do ambiente também está a chegar a estes eventos, mas a um ritmo bem mais lento do que a música. Há já alguns organizadores a apostar cada vez mais na vertente ambiental, como a exibição de documentários ambientais e a construção de casas de banho secas.
No ano passado procuramos sensibilizar o público para um consumo responsável através da colocação de faixas com slogans e da projecção de pequenos filmes, no recinto de alguns eventos, a apelar às boas práticas ambientais. Além disso a Quercus disponibilizou um livro branco no qual o público poderia participar mais activamente através da denúncia de situações de ameaça ambiental, sugestões ou questões que tivessem em relação ao tema ambiente. Estivemos também envolvidos, num dos festivais, na recolha de lixo no recinto a par com a organização.
Sabemos que é impossível não poluir mas é nossa convicção de que é possível poluir menos e que é possível aliar o divertimento e a protecção da natureza.
Foi com grande desagrado que pudemos constatar que ainda não está incutido em muitos jovens o hábito de colocar o lixo nos caixotes, mesmo quando estes se encontram a escassos metros. Como resultado víamos o recinto repleto de copos de plástico e garrafas (que são de venda proibida nestes eventos) após cada concerto.
É verdade que as organizações dos festivais encarregam-se de deixar os locais como estavam anteriormente mas é lamentável a desresponsabilização por parte de muitos dos participantes, demonstrando um total desconhecimento e desrespeito por parte das regras ambientais.
Outro dos pontos negativos que observamos foi a recolha selectiva diária de lixo, que falha redondamente, quer por falta de colaboração do público quer por parte das Câmaras Municipais, que não disponibilizam o número de contentores necessários e que não disponibilizam um serviço de recolha de acordo com as necessidades e horários dos festivais, o que origina uma acumulação desastrosa de lixo ao lado dos contentores.
Por exemplo, na 25ª edição do festival Maré de Agosto, as fotos mostram a quantidade de lixo existente no recinto após os concertos, não obstante a organização ter colocado uma quantidade de pontos de recolha que a nosso ver seria suficiente para não se verificar um cenário tão triste. Outras questões para que nos alertaram na altura incluem o consumo não racional de água por parte dos campistas e os esgotos na praia Formosa devido ao deficiente funcionamento da etar.
Raros serão os eventos culturais que possuem palcos tão privilegiados e uma envolvência tão exuberante, como por exemplo os festivais nas Sete Cidades ou a Maré de Agosto. O mínimo seria em jeito de "agradecimento" tratar bem os locais que acolhem anualmente tantos jovens.
Entretanto deixamos algumas sugestões e aguardamos pelas vossas.
- Banir os copos de plástico e vender à entrada um copo/caneca que sirva para todo o festival ou criar parcerias entre a organização dos festivais e as cervejeiras de modo a obter um benefício/desconto em troca de x quantidade de copos.
- Criação de oficinas/ateliers de artesanato onde seja possível transformar o lixo em arte, despertando assim o interesse não só pelas artes, mas também a consciência ecológica na preservação do meio ambiente.
- Consumo racional de água nos acampamentos
- Assegurar a fiscalização de zonas protegidas (lagoas)
- Insistir com campanhas de sensibilização ambiental e de recolha de lixo.
Esperamos que neste Verão a qualidade ambiental dos festivais seja tão boa quanto a musical!

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