sábado, 22 de maio de 2010

Dia Internacional da Biodiversidade

Em 2005 a União Europeia estabeleceu o objectivo de travar a perda de biodiversidade na Europa e a recuperação dos habitats e sistemas naturais até 2010. Ontem o Conselho de Ministros do Ambiente da União Europeia (UE) foi obrigado a reconhecer que a meta dos 27 para a biodiversidade no espaço europeu falhou. "Não cumprimos o nosso objectivo para 2010", admitiu o comissário Potočnik, sublinhando que “o erro não pode ser repetido”." E o erro foi não terem sido postos em prática planos para travar a perda de biodiversidade no espaço europeu, como se tinham proposto para esta altura. O Conselho de Ministros adiou assim para 2020 a concretização dessa meta e solicitou à Comissão Europeia um plano de acção. 
Neste Ano Internacional da Biodiversidade, e não obstante os sucessos verificados na preservação de espécies criticamente em perigo, de que é bom exemplo o priolo, é hoje reconhecido que também em Portugal, foi insuficiente o esforço de mobilização da nossa Administração Pública e da sociedade civil para a execução das medidas necessárias para travar a perda de biodiversidade até 2010.
As causas são variadas: défice de políticas concertadas e integradoras por parte dos diversos ministérios, falhas na actualização, centralização e actualização das informações relativas aos recursos biológicos e respectivo estado de conservação e estatuto de ameaça. Por outro lado a biodiversidade é um desafio científico, mas é sobretudo social. O conhecimento científico das espécies é fundamental mas é igualmente importante a sua divulgação à sociedade, pois só desta forma poderá haver uma sensibilização para estes temas e uma conservação activa da biodiversidade.
Assim, estamos todos convocados: políticos, empresas, ONG’s, meios de comunicação social, universidades, cientistas, museus e cidadãos. Todos temos que unir esforços para garantir a conservação da Biodiversidade. É urgente uma maior consciencialização e consequente mudança de atitudes e comportamentos, que só será possível através da promoção de uma cidadania activa e participativa.
É importante referir que proteger as espécies ameaçadas só é possível se protegermos os respectivos habitats, encontrando-se muitos deles sujeitos a fortes alterações que estão a levar à sua degradação, como são exemplos a sobre pesca, a descaracterização da flora nativa devido à actividade florestal e agrícola, a crescente pressão imobiliária e turística. Mas os bons exemplos também existem e são estes que importam multiplicar. 
Entre 1949, a caça à baleia dizimou mais de metade da população dos cachalotes existentes nos Arquipélagos dos Açores e da Madeira. Vinte e cinco anos depois, verificamos que a proibição da caça à baleia resultou: o número de cachalotes aumentou e o whale watching transformou-se numa mais valia para o turismo com grandes benefícios económicos. Estima-se que anualmente a observação de baleias rende cerca de 1,4 mil milhões de euros em todo o mundo, criando receitas directas e indirectas anuais de cerca de 15 milhões de euros nos dois arquipélagos portugueses, sendo os Açores considerados um dos dez melhores destinos mundiais para a observação de baleias segundo o jornal britânico Telegraph.
A criação de centros de interpretação ambiental, e os projectos Life Priolo e Life Laurisilva constituem também iniciativas excelentes e bem sucedidas, no âmbito da educação e conservação da natureza.
Face ao panorama actual consideramos que são cada vez mais necessários planos e acções de protecção, gestão e monitorização das espécies e habitats, implementação de legislação adequada, educação e sensibilização ambiental das populações, compatibilização das actividades económicas com a protecção das espécies e seus habitats, estudos de impacto ambiental, estudos para a avaliação da sensibilidade das espécies em risco, maior financiamento para a investigação científica e projectos na área da conservação da natureza e também correcta aplicação das leis e respectivas coimas para os infractores.
Neste dia ainda queremos deixar ainda algumas sugestões: 
Seja um consumidor informado e moderado: informe-se sobre as espécies de peixe dos mares dos Açores. Os meros, as lapas e os cavacos são deliciosos, mas não são ilimitados. Respeite as épocas de defeso da pesca e da caça. No seu jardim e canteiros prefira as plantas endémicas às exóticas, se não conhece o priolo vá até ao Nordeste dar um passeio. Aprenda a identificar as espécies endémicas dos Açores para que nas actividades ao ar livre não as coloque em risco. Se nunca ouviu falar da única espécie endémica de morcego e do garajau-rosado, descubra-os. 
Vá por aí, perca-se no verde e no azul destas ilhas, olhe mais de perto a fauna e a flora e descubra aqueles pormenores que nunca tinha reparado. Fotografe. Pasme-se e sorria porque está nos Açores - um local onde vai a tempo para ajudar na conservação activa das espécies. Se não souber como fazê-lo, contacte-nos.

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