domingo, 27 de fevereiro de 2011

Agricultores da UE abandonam milho geneticamente modificado mas a superfície do planeta tem cada vez mais trangénicos

A organização ambientalista Greenpeace indicou esta terça-feira que os mais recentes dados sobre milho geneticamente modificado na Europa revelam que os agricultores estão a abandonar este cultivo, em declínio em vários países, incluindo Portugal. Numa nota divulgada em Bruxelas, a Greenpeace revela que os dados oficiais da União Europeia mostram que o cultivo de milho geneticamente modificado caiu 13 por cento no conjunto da União Europeia entre 2009 e 2010, de 94 mil para 82 mil hectares. Em Portugal, a queda foi mais ligeira, de 4,4 por cento (de 5.094 para 4.868 hectares), mas na Roménia, por exemplo, registou-se um recuo de 75 por cento, enquanto em Espanha o cultivo caiu 10 por cento, mas neste caso significando uma queda de cerca de 10.000 hectares (de 76 mil para 67 mil). Para Stefanie Hundsdorfer, estes dados mostram que o milho geneticamente modificado «está a falhar nos campos de cultivo e no mercado» e isto porque «os agricultores e os consumidores não estão a cair da propaganda da indústria de biotecnologia».
Apesar do otimismo da Greenpeace, segundo o relatório anual da organização internacional ISAAA (International Service for the Acquisition of Agri-biotech Applications), a superfície do planeta cultivada com transgénicos aumentou dez por cento no ano passado, atingindo os 148 milhões de hectares. Entre 2009 e 2010 foram plantados mais 14 milhões de hectares de OGM (organismos geneticamente modificados), correspondendo a dez por cento. “Este é o segundo maior aumento anual de sempre”, referiu em comunicado Clive James, autor do citado relatório. Os Estados Unidos surgem como o país com maior superfície cultivada com transgénicos, com 66,8 milhões de hectares. Em segundo lugar aparece o Brasil (25,4 milhões) e depois a Argentina (22,9 milhões). A lista é composta ainda pela Índia (9,4 milhões), Canadá (8,8 milhões), China (3,5 milhões), Paraguai (2,6 milhões), Paquistão (2,4 milhões), África do Sul (2,2 milhões) e Uruguai (1,1 milhões).
Pelo segundo ano consecutivo, o Brasil registou o maior aumento anual, acrescentando quatro milhões de hectares durante 2010, ou seja, um aumento de 19 por cento.
James salientou que “os países em desenvolvimento aumentaram em 48 por cento as suas plantações OGM em 2010 e vão ultrapassar em área as nações industrializadas até 2015”. A União Europeia contraria a tendência de subida, com uma quebra ligeira no cultivo de transgénicos.
Dos 15,4 milhões de agricultores de 29 países que, no ano passado, recorreram a esta tecnologia – para promover a resistência a doenças e a tolerância aos herbicidas -, 14,4 milhões são pequenos agricultores, especialmente na China e Índia.
Fonte: Diário Digital e Público

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