quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Visões Positivas para a Biodiversidade

Bruxelas - De 16 a 17 de Novembro, mais de 200 participantes de 43 países estiveram reunidos no encontro "Visões Positivas para a Biodiversidade" promovido pela Presidência Belga da União Europeia, com o apoio do EPBRS (Plataforma Europeia de Estratégia em Investigação de Biodiversidade). Pessoas de formações e sectores de actividades muito variados, bem como especialistas como como Pavan Sukhdev, o líder do estudo internacional “A Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade”, estiveram presentes enquanto participantes. A Quercus ACN também esteve representada nesta iniciativa.
Visões Positivas para a Biodiversidade – um exercício democrático e interactivo
O encontro foi facilitado pelo Global Voices, uma organização sem fins lucrativos, usando o seu modelo 21st Century Summit, que recorre a equipamento de votação electrónica com feed-back imediato que permite a priorização de ideias. Durante o curso de dois dias, os participantes desenvolveram assim um "quadro de visão", definindo primeiro grandes temas para a visão, nomeadamente relacionados com governação, gestão do território, população humana, tecnologia, energias renováveis, produção de alimentos, produção e consumo sustentáveis, mudança do paradigma económico, valores e comportamentos harmoniosos e a integração da biodiversidade nos vários aspectos da vida.
Mudanças que é preciso fazer
Para cada tema definido os participantes elaboraram propostas para mudanças significativas a atingir, que foram numa segunda fase prioritizados por uma votação que seleccionou 20 consideradas mais importantes, de onde referimos algumas:
· Para a mudança do paradigma económico, terá de haver uma total internalização total de custos sociais e ambientais nos serviços e produtos, incluindo alimentos.
· Deverá criar-se espaço para diferentes paradigmas económicos, não apenas focados no crescimento, exploração e acumulação.
· Os custos sociais e ambientais deverão ser sempre contabilizados na produção e uso de energia.
· Deverá atingir-se 100% de energia renovável em 2050 pelo menos na UE.
· Um grande enfoque deve ser dado na educação das gerações mais jovens, mais baseada na descoberta e experimentação e que inspire e prepare os alunos para compreender a biodiversidade e torná-la parte da sua vida.
· Os serviços dos ecossistemas devem ser integrados no planeamento de áreas urbanas e peri-urbanas, para um melhor bem estar das pessoas.
· Cada concelho e cidade deverá dotar-se a curto prazo de um centro de recursos em biodiversidade, com um plano de acção e educação.
· Toda a agricultura e aquacultura deverá torna-se sustentável durante os próximos 20 anos.
· Deverão ser criados corredores entre áreas protegidas para uma melhor adaptação às alterações climáticas.
· Deverá legislar-se de modo a permitir à comunidades locais um benefício directo da conservação da natureza.
· Deverá desenvolver-se mais tecnologia sustentável inspirada na natureza.
O seguimento deste encontro
Cada participante assumiu no final do encontro compromissos muito concretos, como por exemplo a redução de consumo a nível pessoal, a alteração de hábitos alimentares, passar as mensagens em redes sociais ou até de tornar-se embaixador destas Visões Positivas para a Biodiversidade. Os resultados do encontro serão encaminhados para a Comissão Europeia, mas estão desde já a ser debatidos num evento complementar pelo EPBRS que está a decorrer até dia 19, no sentido de procurar integrar os resultados em novas orientações e linhas de investigação na UE.
Visões Positivas e a meta não atingida de 2010
A discussão realizada nos dois dias permitiu colocar em evidência que existe já uma consciência clara de que o paradigma económico actual não é sustentável. De facto, de acordo com o último Relatório Global Biodiversity Out-look*, um dos três objectivos globalmente não atingidos pelas Partes Signatárias da Convenção da Diversidade Biológica, para atingir a meta de Travar a Perda de Biodiversidade em 2010 foi: “Reduzir o Consumo Insustentável de recursos biológicos ou que têm impactes sobre a biodiversidade”. Esse terá de ser um dos grandes desafios a assumir já durante a próxima década.

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