domingo, 14 de novembro de 2010

Comunicação de Viriato Soromenho Marques no Congresso dos 25 anos da Quercus

Qual a situação do país e do mundo em 1985?
O período da guerra fria terminara por essa altura (1984-85), durante a qual houve uma real ameaça de guerra nuclear, esse ambiente desanuviou-se com a Perestroika de Gorbatchov.
Os testemunhos de militares era de conformismo pela inevitabilidade dessa guerra, sob o argumento do precedente, ou seja, sempre que havia conflito entre duas partes, terminava-se sempre numa guerra. Tal afinal não se verificou!
Nesse ano Portugal entrou para a CEE, o país cresceu muito, mas também os impactos! O quadro normativo começou a estruturar-se e levou mais tarde à criação do Ministério do Ambiente, fruto dessa expansão das políticas ambientais.
Em 1997 começou-se a inflectir essa trajectória em termos das políticas com a assinatura do protocolo de Quioto. Foi na década de 80 que se perdeu a primeira oportunidade de se apostar nas energias renováveis. Estamos portanto agora a tentar pela 2ª vez!
Nos anos 80 havia associações em maior número do que actualmente, mas frágeis, demasiado ligadas aos seus fundadores. Mas uma verdadeira associação não deve ficar dependente do ânimo de 1 ou 2 fundadores! A Quercus conseguiu ultrapassar isso!
Outro aspecto muito importante, a Quercus tem uma agenda com múltiplos temas. É uma qualidade única, não deixando de ser muito profissional em cada área. Isso só veio a alcançar mais tarde, não em 1985 naturalmente.
A Quercus é capaz de estar presente nos maiores acontecimentos mundiais. Tem capacidade de intervenção polifacetada. Tivemos sempre o cuidado de nas acções mediáticas não ultrapassar a linha vermelha da ilegalidade conotada com eco-terrorismo.
Não é por acaso que a Quercus esteve representada no conselho Social e Económico, está representada no Conselho Nacional para o Desenvolvimento Sustentável.
O que tem sido a Quercus ao longo destes 25 anos?
No último quarto de século a Quercus tem sido um pilar na definição de políticas públicas de ambiente, através da sua participação nas consultas públicas e acompanhamento de dossiers, em áreas como os Resíduos, Energia, Rede de Áreas Protegidas, Água, Cidade e Ordenamento do Território, Turismo em Áreas Protegidas, Diplomacia Ambiental.
A Quercus foi a primeira a fazer um ciclo de conferências sobre a ECO 92, Alterações climáticas.
Isto não é um discurso glorioso, mas um acto de justiça!
É preciso não esquecer o que aconteceu com a guerra fria. Foi quebrada a lógica do precedente. Estamos a precisar de um sinal de esperança, mas temos de ter honestidade intelectual para a saber procurar e dizer o que está mal.
A crise é a compreensão de que chegámos ao momento em que temos de mudar o modelo de habitar a Terra. O colapso é o que vemos a acontecer, ou seja, pessoas com responsabilidade dizerem que se sai da crise aumentando as suas causas, por exemplo aumentando o ritmo de crescimento económico.
Que caminho é o que permite crescer com a crise?
- O federalismo europeu é um caminho baseado na participação dos cidadãos, na decisão ao nível nacional.
- A cooperação internacional pela aproximação das pessoas em todo o Mundo com as mesmas preocupações e inquietações.
Numa reunião de potenciais investidores em que participei, perguntaram-me onde investir, respondi: em investigação científica, nas energias renováveis, na eficiência energética.
Qual o Plano B?
A projecto nacional está à nossa vista. O nosso país está muito desequilibrado e há duas questões que não conseguiremos responder com uma crise de fornecimento do exterior:
- A energia
- A alimentação
Temos de ter a capacidade de perceber que temos de procurar os recursos o mais próximo possível de nós!

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