segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Banco Português de Germoplasma Vegetal

A agro-diversidade é parte essencial da Biodiversidade. É usada pelo Homem para a promoção do desenvolvimento sustentável da agricultura e produção de alimentos. A sua conservação é uma questão primordial e consiste na salvaguarda e gestão da variabilidade genética de espécies que têm importância actual ou potencial, em benefício do desenvolvimento sustentável. A sua Conservação, a nível internacional, é, desde os anos 50 do século passado, uma preocupação vital, consistindo na salvaguarda e gestão da variabilidade genética de espécies que têm importância actual ou potencial, na luta contra a pobreza e em prol do desenvolvimento rural sustentável. Na década de setenta a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura e o International Board for Plant Genetic Resources (FAO/IBPGR), com o objectivo de salvaguardar os recursos genéticos, fomentou as colheitas de várias espécies, em diferentes regiões do Mundo, onde coube a Portugal dentro da região Mediterrânea empreender, duma forma mais sistemática, as suas actividades na Conservação da Biodiversidade. Integrado nesse objectivo deslocou-se a Portugal, em 1976, a Dra Erna Bennet, na altura a responsável pelo Crop Ecology and Genetic Resources Unit (Branch) da FAO, que se inteirou da situação e com a qual se gisaram planos para a colheita e conservação de espécies de plantas com valor actual e/ou potencial, incluindo a grande riqueza genética das espécies cultivadas e seus parentes silvestres. No ano seguinte, 1977, deslocou-se a Portugal a Dra Rena Farias ocupando-se da colheita e salvaguarda dos recursos genéticos vegetais, assim como da formação e chamada de atenção aos técnicos portugueses do património genético vegetal, que importava conservar e valorizar. A Dra Rena Farias veio mais tarde a radicar-se em Braga e a dar continuidade ao trabalho de colheita e conservação dos RGV. O embrião do que é hoje o Banco Português de Germoplasma Vegetal (BPGV), teve o seu início em 1977 e encontra-se, desde 1996, situado na Quinta de S. José, em S. Pedro de Merelim, Braga.Na sequência destas actividades e enquadrado no Programa da FAO para a Região Mediterrânica, o IBPGR/FAO em 1983, nomeou o BPGV para que assumisse a responsabilidade Internacional pela conservação dos duplicados de segurança das colecções de germoplasma dos Países da Bacia Mediterrânea, tornando-se assim o Banco Mediterrânico de Milho. Desde 1981, e seguindo as etapas orientadoras emanadas do IBPGR/FAO, o BPGV deu início à caracterização morfológica e avaliação preliminar do material conservado. Para proceder a uma utilização mais efectiva, é necessário realizar a caracterização e avaliação dos materiais genéticos conservados, facto que está intimamente relacionado com a disponibilidade de recursos humanos e materiais. Desde 1991, o BPGV desenvolveu um sistema de documentação baseado numa base de dados centralizada por espécie, onde constam informações de colheita e avaliação do material conservado, que tem permitido disponibilizar de uma forma organizada e acessível informações sobre os recursos genéticos vegetais, contribuindo deste modo para intensificar o intercâmbio de informação e a utilização do germoplasma na agricultura nacional, para além de promover e facilitar uma gestão mais eficiente.As espécies de propagação seminal são conservadas em câmaras de frio: uma câmara com uma capacidade de 60m3, com temperatura de 0 a 5 ºC e 45% de HR (humidade relativa), onde está conservada a colecção activa e, outra com uma capacidade de 120m3, com uma temperatura de -18ºC, onde se encontra conservada a colecção base.Mais recentemente, em 2003, foi instalado um laboratório de cultura de tecidos e uma câmara de conservação in-vitro, destinada prioritariamente à conservação de espécies, cuja propagação se faz por via vegetativa e que até ao momento eram mantidas unicamente em colecção de campo. Também nesse ano foi instalado no BPGV um laboratório de Biologia Molecular, com o objectivo primário de utilizar marcadores moleculares para caracterização do material genético conservado. Hoje em dia reúne ainda condições e equipamento para a preservação de espécies vegetais em criopreservação (-196º C). Desde 2004 o BPGV deu início à conservação on farm: conservação no campo do agricultor. Desta actividade resultou a inscrição da broa de milho, numa fase inicial, na Arca de Sabores do movimento internacional Slow Food e mais recentemente a inscrição do feijão Tarrestre. O BPGV é actualmente uma Unidade Orgânica do Instituto Nacional de Recursos Biológicos I.P., que preserva, resultado de 91 missões de colheita, um acervo de 18 236 acessos de mais de 100 espécies vegetais, sobre a forma de semente ou material vegetativo. Se a este material for acrescido todo o material genético conservado, resultado de entradas nacionais e internacionais, como duplicados de segurança, perfaz um total de 40 852 acessos, sendo assim a estrutura Nacional que conserva a maior colecção de germoplasma, representando mais de 75% do material genético conservado a nível nacional, conforme é relatado no 2º Relatório Nacional das actividades de conservação e utilização sustentável dos recursos genéticos vegetais.
Para mais informações contactar:
Banco Português de Germoplasma Vegetal
Quinta de S. José, S. Pedro de Merelim
4700-859 BRAGA
Tel: 253 300 962
Fax:253 300 961
Fonte: Texto texto incluído na Agenda Cultural da Câmara Municipal de Braga do mês de Fevereiro.

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