terça-feira, 7 de setembro de 2010

Retrocessos civilizacionais

No Açoriano Oriental de ontem é denunciada mais um situação incompreensível ao nível do saneamenteo.
"Cheiros nauseabundos têm sido uma constante na Rua Nossa Senhora do Carmo, na freguesia do Porto Formoso, tudo porque as águas residuais da zona da praia dos Moinhos, oriundas dos balneários e das residências vizinhas , têm vindo a ser extraídas da fossa existente naquele local, sendo depois colocadas num sistema de esgotos da referida zona habitacional. “Nos dias em que fazem a descarga o cheiro que fica no ar é deveras insuportável. E com este calor ainda é pior! Nem se consegue parar cá fora”, queixava-se uma das moradoras. “Fez-se uma obra tão grande na praia e ainda há necessidade de trazer para aqui a porcaria?”, questionava outro morador. Confrontado com a situação, o presidente da empresa municipal “Ribeira Grande+”, responsável pela gestão das zonas balneares do concelho, sustenta que “não se pode confundir esse problema com a praia dos Moinhos”. “Existe uma espécie de ‘micro-ETAR’ que foi colocada na zona da praia no ano passado e que já faz um pré-tratamento dos resíduos. Mas, por não haver uma ETAR naquela zona, esse material tem de ser removido”, esclarece Marco Sousa. Segundo explica o dirigente da “Ribeira Grande+”, devido a um problema na ETAR da Maia foi necessário encontrar outro local para a descarga desses resíduos. “O resultado desse primeiro tratamento na fossa da zona da praia tem sido removido com recurso a uma subcontratação da Empresa Municipal, e está a ser colocado, como é prática há já algum tempo, num sistema de esgotos junto a um loteamento”. Não obstante os maus cheiros decorrentes dessa descarga, alguns habitantes da freguesia também contestam o facto dos dejectos acabarem por ir parar ao mar, classificando o cenário como “vergonha sem paralelo” e “crime ambiental”. “O mar no Canto da Areia do Cabo está escuro, as pedras com uns limos castanhos a escorregar e a cheirar mal”, aponta uma denúncia endereçada ao AO. “Esses resíduos são colocados neste sistema de esgotos que, por sua vez, são encaminhados, não directamente para o mar mas sim para um conjunto de fossas sépticas. Não é, por isso, uma descarga directa no mar”, contraria o presidente da “Ribeira Grande +”. “O que vai para essas fossas passa por uma espécie de tratamento natural e o que chega ao mar é uma coisa diminuta”, assegura Marco Sousa. “Já existe inclusive uma prerrogativa da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar que aponta que em pequenos lugares não se justifica a construção de estações de tratamento, mas sim a construção de fossas sépticas porque está provado que não trazem grandes problemas ambientais”, acrescenta. Ainda assim, o responsável garante que esta semana já deixarão de ser efectuadas descargas nas imediações da zona habitacional em causa, passando as mesmas a ser recepcionadas na ETAR da Maia. Tarefa que, indica Marco Sousa, “será facilitada com a construção da SCUT, uma vez que vai evitar que o veículo com os detritos passe pelo interior das freguesias até chegar à Maia”. “Evita-se o problema dos maus cheiros porque ao nível ambiental não há aqui nenhuma questão de fundo”, remata. Foi em Junho do ano passado que foi inaugurada a obra de requalificação da Praia dos Moinhos. Na ocasião, o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Ricardo Silva, fazia saber: “grande parte do investimento prendeu-se com a resolução, há muito necessária naquela zona balnear do problema do saneamento básico dos balneários e das casas que confinam com a praia”. Refira-se, a propósito, que o projecto em causa contemplou a execução de redes de recolha pluvial, de drenagem de esgotos e de abastecimento de águas"
(Fonte AO)
"Uma espécie de tratamento natural"?!?! Sr Marco: quando os esgotos estão a correr para o mar, o termo é poluição.
"Empresa Municipal que gere (mal, dizemos nós) as zonas balneares garante que ainda esta semana as descargas deixarão de ser feitas junto ao bairro, regressando à ETAR da Maia". Para começar, nunca deveriam ter sido feitas junto a um bairro e esta solução parece-me bizarra quando se gastou tanto dinheiro numa obra recente.

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