A Região oferece um produto turístico variado que pretende chegar a todos os tipos de turistas, com actividades que vão desde o pedestrianismo e mergulho até à observação de cetáceos e visita aos vulcões adormecidos. No caderno de encargos para adjudicação, por 30 milhões de euros, da campanha de promoção do destino Açores, num concurso público cujos onze concorrentes foram eliminados, anuncia-se que quatro mil mergulhadores estiveram o ano passado nos Açores e que 40 mil turistas observam baleias a partir das ilhas dos Açores.
Sendo o mergulho recreativo um ponto de desenvolvimento turístico e comercial nos Açores, a Associação de Turismo dos Açores dá conta que estiveram no ano passado, a mergulhar nos Açores, mais de quatro mil mergulhadores, segundo os dados dos próprios operadores, o que representa uma média de mais de 24 mil mergulhos no total e, assim, representando uma pequena parte do potencial da oferta local.
A Associação de Turismo dos Açores refere, ainda, que o mergulhador ainda necessita de alojamento, voo, transferes/carro e alimentação, representando um valor significativo que cada praticante tem de gastar nas ilhas para onde se desloca.
Os mergulhadores nacionais que procuram os Açores são, na maioria, mergulhadores activos que mergulham pelo menos uma vez por mês no território nacional. Como não é comum mergulharem fora do país, a sua presença nos Açores é geralmente suportada pela estadia na casa de um amigo, sendo que os mergulhos são pré-acordados com o dono do centro.
Pode-se distinguir dois perfis de mergulhador: o mergulhador de ocasião e o mergulhador experiente. O primeiro é um mergulhador que tirou curso numa estância balnear, que nunca mergulhou em águas frias ou em grandes profundidades e que escolhe o destino pelo valor turístico e não pelo mergulho que representa. Conforme analisa a Associação de Turismo dos Açores, este é um cliente excelente para a venda por impulso, no local e durante a sua estadia.
Quanto ao segundo perfil, trata-se de um mergulhador com muita experiência de mergulho, mas que raramente mergulha em território nacional e nem se identifica com os centros de mergulho locais. Como explica a Associação de Turismo dos Açores, este perfil de cliente é uma mais-valia pela forma como trata os destinos de mergulho, adquirindo alojamento, explorando o local, realizando actividades complementares e optando por refeições gastronómicas em vez de comer em casa de um amigo. No entanto, este é um cliente com o qual é mais difícil de comunicar e convencer a visitar os Açores.
No total estimam-se que existam cerca de 40 mil mergulhadores portugueses certificados e menos de 10 mil mergulhadores activos. O mercado estrangeiro para os Açores está concentrado na Alemanha e Inglaterra, mercados de grande maturidade e com mais de 2,5 milhões de mergulhadores certificados. Estes dois países têm a particularidade de terem atingido o ponto de saturação dos destinos que lhes eram mais comuns, representando uma janela de oportunidades para os Açores.
Pedestrianismo: 60 percursos estão classificados
O pedestrianismo é outro dos pólos de desenvolvimentos para os Açores, sendo uma actividade que permite apreciar a Natureza através de trilhos previamente classificados ou por explorar. É uma oportunidade de reunir amigos e familiares numa actividade de fácil acesso e com custos muito controlados, sendo ainda possível ser praticado em qualquer altura do ano. Com uma rede de mais de 60 percursos pedestres classificados pelas 9 ilhas, os Açores apresentam uma estrutura bastante desenvolvida para a prática do pedestrianismo.
É, assim, necessário ampliar a sua promoção e valor acrescentado para elevar a rentabilidade dessa prática e reconhecimento nos vários mercados emissores. Os mercados que apresentam forte apetência para o Turismo da Natureza são a Alemanha, Reino Unido, Escandinávia, em combinação com o Canadá e os EUA.
Quanto às idades, a Associação de Turismo dos Açores prevê um aumento da procura destas actividades por indivíduos com idades superiores aos 50 anos, como forma de provarem que ainda estão em boa forma física.
A segmentação da oferta é considerado o caminho mais óbvio para aumentar o número de turistas nos Açores, sendo que a proposta deve focar temas que atraiam mais os praticantes e que desenvolvam uma nova economia baseada em propostas especializadas.
Vulcanologia, um filão turístico por explorar
Pela primeira vez a Associação de Turismo dos Açores enquadra a vulcanologia como um grande potencial para a exploração turística, em que é possível realizar várias actividades como o canyoning, mergulho, kayak e o pedestrianismo. A exclusividade da natureza dos Açores permite que o arquipélago se diferencie dos destinos concorrentes, como a Madeira, Algarve, ilhas Espanholas, Itália e Grécia. A oferta de locais com vulcões adormecidos nos Açores torna-se, acima de tudo, uma vantagem e não um inconveniente.
Nas nove ilhas do Arquipélago açoriano existem mais de 67 geo-sítios e 26 grutas/cavidades vulcânicas, em são Miguel, Pico, Terceira e Graciosa, que permite organizar cinco circuitos multi-ilhas com visita às cavidades vulcânicas.
As crianças e jovens são os participantes que melhor entendem a explicação técnica dos geo-sítios, imaginando o seu enquadramento cronológico e factual do que observam, conteúdos já abordados na escola. Apesar disso, o valor real da base vulcanológica é pouco divulgado ao grande público, sendo que este recorda-se apenas da Lagoa das Sete Cidades, mas não a maneira como foi formada.
Observação de cetáceos: de 100 mil só vão 40 mil
A observação de cetáceos também tem atraído muitos turistas. O mar dos Açores acolhe cerca de um terço das 81 espécies de cetáceos que existem no mundo devido à sua situação geográfica em pleno Atlântico. Também o facto de não haver uma plataforma continental no seguimento das ilhas faz com que haja uma maior presença de cetáceos, bem como a abundância dos seus alimentos.
Segundo um questionário realizado aos turistas à chegada do Arquipélago, cerca de 35% apresentava intenções de observar cetáceos, mas apenas 10% chegaram a fazer a experiência. A capacidade instalada actualmente está preparada na Região para 100 mil observadores de baleias que manifestam interesse em ver cetáceos a partir das ilhas açorianas, mas actualmente fazem-no apenas cerca de 40 mil.
Estas estatísticas querem dizer que cerca de 60 mil turistas que visitam os Açores não estão a ser suficientemente estimuladas para irem para o mar.
(Artigo na íntegra aqui)