O Climate Change Performance Index (CCPI) é um instrumento inovador que traz maior transparência às políticas climáticas internacionais. O índice é da responsabilidade da organização não governamental de ambiente GermanWatch e da Rede Europeia de Acção Climática (a que a Quercus pertence) e contou com a colaboração da Quercus na avaliação qualitativa pericial efectuada a Portugal. O anúncio foi efectuado esta manhã, em conferência de imprensa, na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas que está a ter lugar em Cancún no México. Portugal ficou classificado em 14º lugar em termos de melhor desempenho relativamente às políticas na área das alterações climáticas numa seriação (ranking) que compara o desempenho de 57 países que, no total, são responsáveis por mais de 90% das emissões de dióxido de carbono associadas à energia. O índice mostra que nenhum país dos considerados pode ser destacado como tendo um desempenho satisfatório no que respeita à protecção do clima. O critério específico para esta avaliação são as medidas tomadas por cada país para assegurarem à escala global um aumento de temperatura não superior a 2ºC em relação à era pré-industrial. Assim, o CCPI 2011, tal como no ano passado, não tem vencedores, porque nenhum país está a fazer o esforço necessário para evitar uma alteração climática com consequências dramáticas. O objectivo do índice é aumentar a pressão política e social, nomeadamente nos países que têm esquecido até agora o seu trabalho interno no que respeita às alterações climáticas. O CCPI resulta de três componentes parciais que são somadas de modo a criar um ranking de desempenho em termos de alterações climáticas dos países avaliados. A primeira componente (tendência das emissões) analisa a evolução das emissões, nos últimos anos, de quatro sectores: energia eléctrica, transportes, residencial e indústria. A segunda componente refere-se às emissões (nível de emissões) relacionadas com a energia em de cada país, integrando variáveis como o produto interno bruto e as emissões per capita. A terceira e última componente (política de emissões) resulta duma avaliação da política climática do país a nível nacional e internacional. A componente de tendência pesa 50%, a componente nível de emissões 30% e as políticas climáticas são ponderadas em 20%. Os dados são retirados da Agência Internacional de Energia e das submissões efectuadas pelos países, sendo as políticas climáticas avaliadas por peritos internacionais na área das alterações climáticas, tendo a Quercus participado a este nível para Portugal.
Portugal desce assim dois lugares no ranking, da 12ª (em 2010) para a 14ª posição (em 2011), mas subiu para a classe dos países com classificação “bom” Portugal obteve em 2011, a 14ª posição no ranking final global (1º é o melhor), sendo que ficou em 19ª posição na componente tendência de emissões, 15ª na componente de nível de emissões e 15º na componente de políticas climáticas, tendo descido duas posições na análise global. Em 2010 Portugal ficou na 12ª posição e em 2009, ficou na 15ª. Porém, a classificação final de Portugal melhorou e passou do primeiro da classe “moderado” para o último da classe “bom”. Os países que se sobrepuseram a Portugal na seriação foram Malta e Suíça. Este ano, Portugal atinge a terceira melhor posição desde que o índice é publicado. Este lugar reflecte o nível de emissões per capita relativamente baixas e ter um conjunto de medidas consignadas (mesmo que algumas ainda não implementadas) para reduzir as emissões. Estes dados reflectem também a crise económica e financeira que em contribui para o país não estar longe do cumprimento do Protocolo de Quioto apenas com medidas internas. Na energia (uso da electricidade e renováveis), Portugal melhora a sua pontuação, mas é na evolução do transporte aéreo e no uso ineficiente da energia nos sectores residencial e industrial que piora. Países marcantes no índice Há um ano, as negociações em Copenhaga não resultaram num acordo internacional vinculativo para reduzir globalmente as emissões de CO2. É por agora bastante incerto, que as duas cimeiras no México (em Cancún) e na África do Sul no próximo ano, o consigam. Em geral, o índice mostra uma mudança na seriação por comparação com o ano passado, dado que anteriormente a pontuação conseguida pelas políticas nacionais era mais baixa do que a componente internacional; actualmente, acontece o posto: as políticas climáticas nacionais mostram maior dinâmica que as negociações internacionais.
O país melhor classificado no ranking foi o Brasil, seguido da Suécia, Noruega e Alemanha. O pior país foi a Arábia Saudita, tendo a Espanha ficado em 35º lugar, e os EUA em 54º lugar.
Brasil: continua, como no ano passado, a liderar o índice nas três categorias, melhorando ainda assim a sua pontuação. Os esforços diplomáticos de preparação para a Cimeira Rio+20 em 2012 e o decréscimo da desflorestação são aspectos políticos relevantes.
China: este país é marcado por contradições: por um lado é o maior emissor de CO2, com um intervalo a alargar-se em relação aos restantes países; por outro, está a reduzir a uma intensidade energética e a aumentar a fracção de renováveis (a China está a instalar cerca de metade da nova capacidade global de energia renovável)
Alemanha: tem um plano para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 80 a 95% por comparação com o ano de 1990, mas os peritos consideram que os instrumentos para o conseguir ainda não estão definidos e passam por prolongar o uso da energia nuclear o que é considerado insustentável.
EUA: graças ao Presidente Obama, as políticas climáticas receberam um forte impulso, passando nomeadamente por projectos na área da eficiência energética e renováveis. Porém, a incapacidade de acordo no Congresso e as metas propostas pelo país não permitem uma evolução favorável.
Dinamarca: caiu 16 posições pela sua política climática internacional após a trágica condução dos trabalhos na última Cimeira em Copenhaga.
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