Tinha o tamanho da praia
o corpo era de areia.
Ele próprio era o início
do mar que o continuava.
Destino de água salgada
principiado na veia.
E quando as mãos se estenderam
a todo o seu comprimento
e quando os olhos desceram
a toda a sua fundura
teve o sinal que anuncia
o sonho da criatura.
Largou o sonho nos barcos
que dos seus dedos partiam
que dos seus dedos paisagens
países antecediam.
E quando o seu corpo se ergueu
Voltado para o desengano
só ficou tranquilidade
na linha daquele além.
Guardada na claridade
do olhar que a retém.
Natália Correia (in Poesia Completa, 1999)
2 comentários:
Esperemos que um dia não se transforme numa Fajã do Calhau...
Repito o que escrevi num comentário anterior: o que está aqui em causa (na Fajã do Calhau) não é uma mera abertura de um caminho, mas uma recorrente afirmação local de poderes. Lamento que a natureza sirva de moeda de troca leviana.
O meu receio é que o mesmo aconteça com as Fajãs de São Jorge e das Flores e em épocas de campanha eleitoral vale tudo até mover montanhas. Abriu-se um mau precedente e nem o esforço para plantar endémicas vai trazer de volta a paisagem original.
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